Está a emergir, globalmente, uma transição acelerada sem precedentes, incluindo na Europa, onde se verifica que a geração de energia solar e eólica superou, pela primeira vez, o carvão e o gás, ao mesmo tempo que o continente estabelece novos recordes de expansão da energia eólica e solar.

No Cenário de Atraso do relatório, prevê-se que, apesar das tensões e dos conflitos geopolíticos, a taxa de crescimento das energias renováveis continue a aumentar, embora num percurso que conduz a um aquecimento global de 2,4 graus.

Com o aumento da capacidade, os custos das principais tecnologias limpas continuarão a diminuir, em média, a uma taxa de -25% para a energia solar, -20% para a energia eólica onshore e -5% para a energia eólica offshore, entre o presente ano e 2030, acelerando assim a transição para a neutralidade carbónica.

Embora as energias renováveis alcancem 87% da mistura de geração de energia da União Europeia até 2050, a procura de carvão estará em breve em declínio estrutural a nível global, com o petróleo e o gás a atingirem o pico por volta de 2030, ou até mais cedo em todos os cenários.

O consumo de eletricidade na União Europeia aumentará mais de 200% até 2050, à medida que a eletrificação dos transportes, edifícios e indústria reduz as emissões e se torna cada vez mais competitiva. Já o consumo final de energia diminui no Cenário de Transição Verde, mesmo com o crescimento da economia.

A aceleração da redução de emissões nos setores de uso final continua a representar um desafio significativo, com quase 60% das emissões remanescentes de CO2 a provirem da indústria, edifícios e transportes:

• Edifícios: a eletrificação é a principal solução para a redução de emissões, juntamente com a eficiência energética e a mudança de comportamento. Apesar de as bombas de calor estarem perto de ser competitivas em preço, a transformação do sistema de aquecimento é lenta.
• Transportes: os carros de passageiros tornar-se-ão elétricos. A quota de eletricidade nos transportes aumentará de 2% para 70%, enquanto a quota de petróleo cairá de mais de 90% para menos de 2% no nosso Cenário Europeu de Transição Verde até 2050.
• Indústria: o uso de eletricidade está a aumentar em todos os cenários. As últimas emissões são caras, difíceis de reduzir e requerem um impulso político para se concretizarem.
• Setores difíceis de descarbonizar: a redução de emissões nos transportes de longa distância e em algumas indústrias (aço, cimento, produtos químicos) continua particularmente desafiante. Estes setores necessitam de uma combinação de soluções e de um maior impulso político.

Existem várias tecnologias em desenvolvimento cujo papel está previsto ser cada vez mais crucial no apoio à transição energética, especialmente para as indústrias de difícil descarbonização. Estas incluem o hidrogénio, biogás, captura e armazenamento de carbono e remoção de carbono.

A transformação para sistemas energéticos mais dependentes das condições meteorológicas é um desafio, mas é gerível. Isto exigirá o desenvolvimento paralelo de várias soluções flexíveis, como baterias, hidropotência flexível, procura inteligente e flexível e alta interconectividade entre mercados.